domingo, 6 de maio de 2018

A égide futurista do povoado de São Romão ao nome de Fernando Pedroza



casa grande de São Joaquim
       A história da fundação de Fernando Pedroza está ligada a família Pedroza. Começa no século XIX, em meados de 1888, quando o patriarca da família, coronel  Fabrício Gomes Pedroza, investe em terras do sertão Central do Rio Grande do Norte, comprando fazendas no município de Angicos. São quatro propriedades (São Romão, São Joaquim, Cajueiro e Gangorra) que juntas se tornaram o núcleo urbano que deu origem ao município de Fernando Pedroza, denominada naquela época por povoado de São Romão e inserido no território do atual município vizinho de Angicos.  
       Fabrício Gomes Pedroza é um próspero aristocrata paraibano que domina o comércio do açúcar em Macaíba e é dono do complexo industrial, sendo um dos principais exportadores de algodão do Rio Grande do Norte. Ele é pai de Fernando Gomes Pedroza, considerado o fundador do município, para que vende a fazenda São Joaquim, em 1922.
     Empreendedor visionário, Fernando decide implantar na região uma estação experimental de cultivo de algodão ampliando sua propriedade e desenvolvendo um novo tipo de fibra com experiências com o algodão mocó. Em 1929, constrói uma usina de beneficiamento de algodão na propriedade da família, no povoado de Romão.
Ruínas já extinta da usina de São Joaquim
     A usina São Joaquim passa a ser um dos maiores complexos têxteis do Rio Grande do Norte e, com a chegada da rede ferroviária ao povoado de São Romão, é dado início ao desenvolvimento econômico do lugar com o incremento do comércio, abertura de novos postos de trabalho e geração de riqueza.
Busto de Fernando Pedroza
exposto no centro da cidade 
Placa no busto em homenagem
 Fernando Pedroza
       É o pontapé inicial para a independência administrativa e política do povoado de São Romão, que passa a ser distrito de Angicos, em 1938, por meio da lei sancionada pelo então prefeito de Angicos, Rafael Fernandes, e recebe o nome de Fernando Pedroza, numa homenagem póstuma após seu falecimento precoce, aos 50 anos, em 1936.
      Para muitos historiadores, Fernando Pedroza foi um "homem a frente do seu tempo", cuja visão empreendedora proporcionou vários benefícios ao município, impulsionando seu progresso e garantindo a melhoria de vida  para os habitantes do então povoado de São Romão. Aluízio Alves, em seu livro "Angicos", retrata o empresário Fernando Pedroza com um homem que transformou um pequeno povoado no interior do sertão potiguar num pólo de influências comercial e indiscutível progresso na vida dos moradores de São Romão.

Fonte: Revista Fatos&Feitos - Edição Junho/Julho de 2014.


       Ao visualizar a leitura acima, conclui-se que um dos  princípios para entender o  crescimento e desenvolvimento do nosso povoado de São Romão, teve como base a cotonicultura com empreendimento de Fernando Gomes Pedroza na fazenda São Joaquim, através da experiência do algodão "mocó" bem como a instalação da usina de beneficiamento chamada de São Joaquim. Daí por diante, sabemos o quão importante foram as diversas vezes que a família fez doações de terras para a concretização do "apogeu definitivo" do povoado até os dias atuais.
      Por não disponibilizar de fontes suficientes para retratar em detalhes a chegada da família Pedroza nas terras do sertão, recorremos a um belo cordel da professora Regina Gonçalves, recitado em  sarau poético na 8ª Feira da Cultura, no largo da Estação no dia 14 de Junho de 2017. O evento tradicional que tem como propósito e objetivo resgatar a memória local.


Segue a letra do cordel...

                                                     Título: Cordel do Açúcar ao algodão


A história que hoje conto
não é conto de fadas não
Exposição de uma maquete expondo a vinda da família Pedroza
para a Fazenda São Joaquim - Feira de Cultura 2017
não é coincidência e nem mito
não é lenda nem invenção
é a fiel afirmativa
De como a família Pedroza
veio parar em São Romão
                 I
Em Macaíba começa
toda história e peleja
do homem rico e herdeiro
fidalgo de fina nobreza
exportador de açúcar
o maior da redondeza
viajada pela Europa
dono de grande esperteza
                 II
Ele se chamava Fabrício
o segundo de uma geração
de homens empreendedores
determinados pela convicção
de perpetuar em seus descendentes
o bom nome e a tradição
                III
Fabrício  ainda jovem
por Isabel Cândida se apaixonou
firmaram laços afetivos
e em matrimônio consagrou
a união e o desejo
de viver um grande amor
               IV

A festa demorou  muitos dias
no casarão dos Guarapes vila de Macaíba
a nobreza natalense
sua presença fazia
Fazenda São Joaquim e o desenvolvimento de cotonicultura
Exposição de uma maquete na 8ª Feira da Cultura 2017
e os jovens estudantes
ao cenário comparecia
               V
Já no terceiro ano
daquela perfeita união
o casal teve o primeiro filho
Esperando com emoção
e nos dez anos seguintes
o pequenino bebê
ganhara mais um irmão
               VI
Dez anos já se passaram
e o destino um fatalidade pregou
No parto do último filho
Fabrício viúvo ficou
perdendo a mãe dos seus filhos
E o seu verdadeiro amor
              VII
Quando no leito de morte
Isabel já se encontrava
chamou o seu amado
e a ele determinava
não casar com mais ninguém
pois que com outra Fabrício não combinava
            VIII
Olhou para Pedro Velho
O médico famoso e irmão
dizendo em suspiro de morte
veja como se morre tão moça irmão
e Pedro Velho em lágrimas
Não suportou toda emoção
               IX
Os anos se passaram
Exposição de uma maquete mostrando 
a chegada da família Pedroza
na Fazenda São no final do século XIX.
 e Fabrício nunca se casou
tomou conta dos nove filhos
e nos negócios só prosperou
adquiriu terras no Sertão de Angicos
e para a Fazenda São Joaquim viajou
                 X
Era final do século dezenove
e nenhuma estrada havia
A vinda para o sertão
mais parecia ousadia
Em lombos de mulas ou liteiras
era um percurso de oito dias
               XI
Entre os nove filhos de Fabrício
Fernando foi o que mais amou
as terras de São Joaquim
onde seu sonho plantou
e mesmo estudando na Europa
o sertão nunca abandonou
               XII
Ao voltar da Inglaterra
Fernando  se viu empolgado
em exportar a melhor fibra de algodão
que fosse padrão e selecionado
Contrariando as críticas estrangeiras
e sendo o pioneiro nesse mercado
                XIII
Sua fiel decisão
Ao velho pai não agradou
e no calor da discussão
Fabrício o filho desertou
e Fernando desapontado
a seu sonho sustentou
             XIV
Do Rio de Janeiro a Baixa Verde
e de lá pra São Joaquim
A família Pedroza chegando a Fazenda São Jaoquim
Exposição de uma maquete na 8ª Feira da Cultura 2017
Nem a seca, nem a estiagem
foram empecilhos em seu caminho
nem ausência de dinheiro
nem mesmo a colheita ruim
              XV
Em 1922, compra São Joaquim a seu pai
transforma toda fazenda num grande campo experimental
prepara as terras para o cultivo
De forma seletiva e especial
com técnicos ingleses
ver seu sonho tornasse real
            XVI
São Joaquim vira celeiro
E produtor do melhor algodão
gera emprego e desenvolvimento
Ver seu produto sair para exportação
E nas terras dos pedrozas
 Fernando ver o comércio ser símbolo de exportação.





      As fotos que ilustram o poema, foram de uma maquete confeccionada pelas professoras e alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental, turno matutino da Escola Municipal Fabrício Pedroza, apresentada na 8ª Feira da Cultura do ano de 2017, que no momento expôs a vinda da família Pedroza para a Fazenda São Joaquim, Região Central do Rio Grande do Norte.



2 comentários:

  1. Nosso município tinha um desenvolvimento notável para a época.

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  2. Uma história muito bonita e emocionante. O meu pai Anildo Souza, chegou ao povoado em 1931. Quando em vida, me dizia que Fernando Pedroza, tinha sido um homem muito importante para o desenvolvimento do RN. Dizia meu pai: era homem letrado, falava vários idiomas,industrial, aviador e estudioso da cultura do algodão. Por tudo que representou para nossa terra, eu o considero com muita justiça um dos fundadores de nossa terra, juntamente com Miguel Trindade.

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