segunda-feira, 18 de junho de 2018

O advogado Chico Maria, o Bel que reforçou as duas tentativas nos processos de Emancipação Política de Fernando Pedroza


Foto cedida: Chico Maria  
     Francisco Maria de Souza, popularmente conhecido por Chico Maria nasceu em 1931 na Fazenda São Miguel no Município de Angicos, nesta mesma Fazenda assumiu vários cargos, de início na pecuária em seguida, o de apontador. Em 1948, aos 17 anos em razão de sua eficiência foi transferido para trabalhar como correntista, ou seja, ser responsável pelo financiamento  aos clientes produtores de algodão da Região Central e do Mato Grande.
       Aos 39 anos de idade foi transferido para o município de Tangará/RN, para assumir a chefia do escritório da Usina Âncora.
Ao pedir demissão da Fazenda São Miguel, foi estudar em Natal e lá, trabalhou na Secretaria de Agricultura, sendo promovido a sub coordenador da açudagem  do Estado do Rio Grande do Norte.
     Ingressando na carreira política, sendo eleito vereador em Angicos por 04 legislaturas, inclusive sendo presidente da Câmara dessa cidade, e logo após vice-Prefeito de Roque Afonso entre os anos de 1966-1970. Candidato a Deputado Estadual em 1990, ficou na suplência, sendo bem votado no ainda Distrito de Fernando Pedroza.
       Já em 1981, concluiu o curso universitário em Ciências Jurídicas, ou seja, Bacharel em Direito. Em 1982 foi aprovado no concurso da polícia Civil, aposentado desde 1996, como Delegado da classe Especial. Atuando como advogado até os dias atuais, teve relevante participação tanto na primeira tentativa (1953/54), quanto nos momentos decisivos da segunda e definitiva Emancipação Política de Fernando Pedroza, atuando como advogado. 

Foto cedida: Chico Maria

Em contato com o Dr. Francisco Maria, fizemos a seguinte indagação: Quais foram as suas contribuições no processo de Emancipação Política da Cidade de Fernando Pedroza?

 Resposta do Dr. Francisco Maria:

"A minha luta pelo desmembramento de Fernando Pedroza teve inicio na administração de Fernando Gomes Pedroza, quando este foi eleito a Prefeito de Angicos(1953 a 1958). Eu já no 2º mandato de Vereador, tive a honra de ser por ele escolhido para ser seu líder. Em razão da Vila de Fernando Pedroza ser o meu reduto eleitoral, assim como a Fazenda São Miguel, onde eu era o Chefe do Escritório da Cia. Brasileira de Linhas Para Coser, filiada da “Machine Cotton”, em São Paulo, e da “J&P Coats”, em Glasgow, Escócia, eu alimentava este desejo de ver a referida Vila elevada a categoria de Cidade, por dever de gratidão. Juntei-me, inicialmente, aos saudosos amigos Severino Sérvulo (tio de Anílton) e João Salviano, com os quais planejamos concretizar esta ideia, com a colaboração do Prefeito Fernando Pedroza. Depois, juntou-se a nós, nesta luta incessante, meu amigo Anilton. Passaram-se os anos e nada conseguíamos. Foram vária reuniões: com Dinarte Mariz, Aluízio Alves e Fenando Pedroza. Aluízio, de início, não admitia em face dos impostos da Fazenda São Miguel, que era o tentáculo da economia Angicana. Também não abria mão do Cabugí, que era o símbolo da Região Central do Sertão. Finalmente, para não me alongar muito, resolvemos agasalhar os desejos de Aluízio Alves, depois de muita luta, felizmente, tivemos a cristalização da tão desejada independência do meu querido município de Fernando Pedroza, graças a nossa luta sem trégua: Francisco Maria de Souza, Anilton Souza, os saudosos amigos Severino Sérvulo e João Salviano".  

    Por todo esforço deste homem intelectual, batalhador, probo e de palavras sábias, a história dos dois processos de Emancipação  Política da cidade de Fernando Pedroza, conserva em seu cerne ideais, luta e a garantia de uma cidade que nunca esquecerá o 26 de Junho de 1992, data definitiva de Emancipação, que é guardada na memória do "Bel" Francisco Maria e de muitos pedrozenses.   



"A história recoloca fatos e reavalia os feitos"
(Chico Maria)

domingo, 17 de junho de 2018

Sandro França: dos campos de várzea em Fernando Pedroza para os gramados do futebol nacional

    Francisco Sandro França da Silva,  ou simplesmente o craque "Sandrinho", natural da Cidade de Fernando Pedroza,  filho de Edileno Geminiano da Silva  e de Luzinete Maria de França Silva. Para este jovem, a vida pacata de uma pequena cidade e os entraves de oportunidades não foram barreiras para que ele pudesse alcançar o seu sonho: o de ser jogar profissional de futebol de Campo.
Sandro jogando pelo Flamengo do Piauí
   O gosto pelo futebol começou  a partir do próprio convívio familiar, pois a  Senhora sua mãe e  irmã Sueny, sempre foram simpatizantes desta modalidade esportiva, e isso levou o guerreiro menino a sonhar que um dia poderia pisar nos gramados de diversos estádios de futebol do Brasil, e até mesmo no exterior.
Sandro na equipe do Assú
     Os campos de várzeas do Outro Lado do Rio, atual Alto São Joaquim, foi início dos seus dribles, gols e do seu brilhante futuro na arte da bola. Mas para chegar até lá, foram várias experiências. A princípio o saudoso Emanoel de França "Nequinho", residente na cidade de Angicos, trouxe para Fernando Pedroza uma escolinha de futebol, nesta Sandro teve os seus primeiros ensinamentos, em seguida frequentou a Escolinha JTB, tendo como treinador Gilson Costa. Nessa última, eram realizados inúmeros amistosos nas cidades adjacentes. 
   Consequentemente surgiram os chamados peneirões, e em um desses, realizado pela equipe do ABC de Natal na cidade de Alto do Rodrigues/RN, foram selecionados alguns atletas de Fernando Pedroza, entre eles estavam: Enoilson, Itinho, Fabrício e Sandrinho, ainda não atuando como profissionais. 
Sandro jogando no Penarol de Manaus
  Ambos saíram da equipe natalense, mas Sandro permaneceu insistindo, e o sonho de vir a ser profissional só se tornou realidade quando foi contratado pela Associação Sportiva Sociedade Unida, ou seja, o time do Camaleão do Assú. Primeiro atuou  na categoria sub 20 no ano de 2003, se destacou em diversas partidas e passou a jogar na equipe principal já como profissional em 2004.
Sandro na excursão para o  Canadá atuando
no Corinthians de Caicó
   
A partir de então, o jovem garoto dos pequenos campos do fomento, das areias do Rio Pataxó, passou a triunfar momentos de glórias e conquistas por várias equipes do Brasil como segue abaixo.







Times e respectivos Estados que Sandrinho atuou:
  • No Estado do Rio Grande do Norte

ABC - Equipe de base
América - Equipe de base
Associação Sportiva Sociedade Unida do Assú
Potiguar
Baraúnas
Palmeiras de Goianinha
Jardim de Piranhas - Com Sandro jogando subindo da segunda divisão para a Primeira no Campeonato Estadual
Seleção de Macau
Seleção de Guamaré - Com Sandro, esse time foi campeão  do campeonato da Segunda divisão do Estado do RN.
Atlético Clube Corinthians de Caicó - Sandro fez uma excursão de seis meses para o Canadá na América do Norte em amistosos, jogando por essa equipe em 2009.

  • No Estado da Paraíba

Miramar Esporte Clube

  • No Estado do Amazonas

Penarol Atlético Clube de Manaus - Time da primeira divisão do Estado.

  • No Estado do Ceará

Quixadá Futebol Clube
Iguatu Futebol Clube
Ferroviário Atlético Clube

  • Estado do Piauí

Esporte Clube Flamengo - Sandro jogou o Campeonato piauiense e a Copa do Brasil.

   Todo esse currículo como jogador de futebol, segundo as palavras do próprio Sandrinho "é primeiramente a fé em Deus, segundo apoio da família e  depois gradativamente me destacando a cada oportunidade que aparecia, e também  apoios dos amigos Gilson Costa e José Danúbio".
     Ainda ressaltou que "só se alcança objetivos com humildade, força de vontade,  aprendendo a respeitar as pessoas e colocando sempre os pés no chão no que faz". Com esse lema de vida, entre tantos outros talentos que temos aqui na querida terrinha, Sandro se tornou até o momento o único jogador profissional de futebol de campo do Município de Fernando Pedroza, levando o nome da nossa pequena cidade para vários gramados do Brasil. 








sábado, 16 de junho de 2018

O dia do "Fico" que resultou no segundo processo de Emancipação Política de Fernando Pedroza



     Se o "Dia do Fico" significou uma frase célebre para a história do Brasil, resultando na "Independência" do Brasil diante Portugal,  esse mesmo dito há muito tempo que se tornou uma inquietação, no sentido de compreender ações e atitudes de alguns cidadãos pedrozenses, ordeiramente organizado, unidos e comprometidos com uma única e exclusiva causa que foi o de ressuscitar a ideia de emancipar politicamente o distrito de Fernando Pedroza da cidade de Angicos. 
Resultado de imagem para bandeira de Fernando Pedroza     Depois de uma tentativa frustrada de emancipação na década de 50 do século passado, parecia que os pedrozenses iriam se calar, mas os anseios dos cidadãos principalmente de alguns poucos que não exerciam cargos eletivos não se exauriram, ao contrário, só ganharam forças no que culminou com o sonho dos que lutaram bravamente pela "libertação de Fernando Pedroza, diante de Angicos". Assim murmuravam as vozes diante a situação que se encontrava o distrito antes do ano 1992.
   O "FICO" que ressaltamos lá no início desse documento, é uma alusão a um dos fatos que considero marcante na história do nosso município, embora pouco reluzente na memória local, que foi a Primeira reunião que aconteceu entre os meses de Abril e Junho do ano de 1986, que deveria ser lavrada uma ata e incorporada no processo de Emancipação. O principal objetivo era comunicar a comunidade que a partir daquele momento estava deflagrada a  segunda tentativa de Emancipação. 
       O grande desafio era convencer a permanência das aproximadamente 20 ou 30 pessoas que aguardavam o pronunciamento do que seria a pauta geral dessa reunião, que aconteceu no antigo Mini Posto (atual Sindicato dos Trabalhadores rurais). Enfim, quando o Senhor Francisco Anilton de Souza anunciou que seria deflagrada uma nova tentativa de emancipação e deveria se formar uma comissão para emancipar o município, infelizmente desacreditado, a maioria dos que se encontravam no estabelecimento foram embora. Conforme relatos, só apenas 05 (cinco) "FICARAM" e continuaram a luta.
         Portanto, como estamos completando 26 anos de Emancipação Política da cidade de Fernando Pedroza, se faz jus homenagear e mostrar esses importantes personagens  para a história local  que foram: O Sr. Francisco Anilton de Souza, o Sr. Sargento Paulino, Dona Milce Trindade, Dona Maria Velha e o Sr. Magnos Alves.
         Durante alguns dias pesquisamos um pouco sobre  essa luta revelada pelos próprios personagens, e os que já partiram para a  eternidade, buscamos os familiares que muito contribuíram para reavivar conosco esse momento histórico da cidade de Fernando Pedroza.
Foto cedida: Anilton Souza


Francisco Anilton de Souza, Filho de  Manoel Anildo de Souza e Maria Olélia Carvalho de Souza,  natural de Fernando Pedroza, nascido  na casa que hoje é a prefeitura de Fernando Pedroza. 

Acompanhe abaixo algumas declarações do professor Anilton Souza, sobre a luta inicial para emancipar o então Distrito de Fernando Pedroza.
Perguntas do blog História e Histórias:

Na segunda tentativa de Emancipação política de Fernando Pedroza, a partir de 1986, houve uma reunião no Antigo Mini posto. Nessa ocasião, muita gente se levantou e foi embora. Ficaram apenas o Senhor, Magnos Alves, Sargento Paulino, Milce Trindade e Maria Velha. Alguém mais ficou na reunião ? Se sim, quem? Em que data ocorreu essa reunião? Dia, mês e ano. O que ficou definido? Há documentos que comprovem essa reunião? Quais? O que o Senhor lembra de positivo e de negativo durante essa reunião?

Anilton Souza respondeu:

A primeira reunião aconteceu entre o mês de Abril e Junho de 1986. Foi lavrada uma ata que foi incorporada ao processo de emancipação. Não sei precisar a data exata. O objetivo desta reunião era para comunicar a comunidade pedrozense, que a partir daquela data,  estava oficialmente deflagrada a 2ª tentativa de emancipação, como também iríamos formar uma comissão de emancipação política, para criação do município de Fernando Pedroza.  Estavam presentes aproximadamente vinte pessoas. Quando me dirigi aos presentes e comuniquei a pauta da reunião, a maioria se levantou e saíram falando que era inútil, perda de tempo, pois Fernando Pedroza nunca passaria a cidade, pois os Angicanos não aceitavam. Ficaram apenas na reunião, eu, Magnos Alves, Milce Trindade, Sargento Paulino e Maria Velha. Se ficou mais alguém, não lembro.
De positivo podemos alegar que tivemos a coragem de realizar a primeira reunião, com uma comunidade desacreditada. Esta reunião apesar de um número reduzido de pessoas alavancou as demais. Nos deu forças. A segunda reunião aconteceu na Escola Estadual Francisca Alves da Silva. Na oportunidade com a presença do propositor do projeto, Deputado e Presidente da Assembleia, Carlos Augusto Rosado. Faltou chão nas dependências da referida escola.

De negativo foi apenas o descrédito da comunidade com relação ao pleito e o desengano de alguns mais pessimistas. Mas tudo isso nos deu forças para continuar a luta emancipatória.


Blog História e Histórias:


Aponte os principais desafios enfrentados no transcorrer da luta emancipatória do Município de Fernando Pedroza.

Anilton Souza respondeu:

Os desafios enfrentados foram muitos e complicados. Não tínhamos a classe política pedrozense ao nosso lado. Não tínhamos cobertura financeira para as despesa diversas, viagens,  etc, etc. Os deslocamentos de Fernando Pedroza a Natal, eram feitos no meu automóvel, com recursos próprios. Na elaboração do projeto, contamos com uma significativa ajuda do presidente de honra da Comissão, Fernando Gomes Pedroza. O mesmo disponibilizou o seu escritório em Natal, para as reuniões e trabalhos da comissão.

Membros da Comissão:
Presidente: Anilton Souza;
Membros: Magnos Alves, Milce Trindade, Sargento Paulino;
Assessor Jurídico: Bel. Francisco Maria de Souza;

Presidente de Honra: Fernando Gomes Pedroza.

Blog História e Histórias:

O que lhe encorajou na luta pela Emancipação Política da cidade de Fernando Pedroza?

Anilton Souza respondeu:


Eu era criança, residente em Fernando Pedroza, e ouvia o meu pai sempre dizer, que o Distrito de Fernando Pedroza era muito injustiçado por não ser emancipado. Era um distrito em pleno desenvolvimento econômico. Na primeira tentativa de emancipação, nos anos 53 e 54, o Distrito já possuía os requesitos para se tornar município: cartório judiciário, agência dos correios, escola de 1º grau (curso primário) arrecadação de impostos e núcleo urbano constituído. O projeto não chegou a tramitar na Assembleia, por diversas razões. Eu cresci ouvindo essas conversas de meu pai e lideranças locais. E certa vez, escutei meu pai dizer: eu só penso é morrer e não ver Fernando Pedroza cidade. Meu pai faleceu em 1974 sem ter visto o seu intento. Em 1961, minha família foi residir em Angicos. De lá sai, fui para Natal estudar e sempre no pensamento de um dia voltar para retribuir o que o lugar nos deu, como também por em prática um projeto de emancipação política. O que mais me encorajou, foi o ideal do meu pai, a injustiça cometida ao nosso lugar no passado, a eleição fraudulenta de  1958(Severino Sérvulo contra Pedro Moura) e principalmente resgatar a memória e a vontade de meu pai e do meu tio Severino Sérvulo. Confesso que nunca pensei em me beneficiar politicamente, após a criação do município. O meu desejo maior era ver o lugar onde nasci, emancipado político e administrativamente, ver também o seu desenvolvimento em todos os aspectos e o seu povo vivendo com dignidade.  
Abaixo assinado de 1992, comprovando que Francisco Anilton
foi Presidente da Comissão. Isso mostra também a sua participação
direta no processo emancipatório de Fernando Pedroza.
Esse documento foi adquirido  na Assembleia Legislativa em Natal
pela Professora Marileide Matias e alunos da EJA para exposição 
da Feira da Cultura do ano de 2017.

     No entanto, ao longo das respostas dadas pelo professor Anilton Souza, percebe-se a insistência e dedicação e muita lisura deste pedrozense que depois de aproximadamente 64 anos reacendeu a ideia de emancipação. Mobilizou a comunidade, mesmo muito desacreditado, com poucas pessoas que estiveram inicialmente ao seu lado, durante seis anos (1986-1992) de trâmites, acordos, justificativas, encontros e desencontros, aos poucos, ganharam adeptos da maioria dos cidadãos que  passaram a compartilhar e acreditar que o desfecho final com eficacia, era só uma questão de tempo e luta conjunta.

Maria de Lourdes da Silva (Dona Maria Velha) "In Memóriam"

 Dona Maria Velha
 Foto cedida por Fátima
     O texto que conseguimos, mostra que os ideais de Dona Maria, era realmente de uma cidadã que almejava dias melhores para a cidade de Fernando Pedroza.

Assim cita a sua filha, Dona Fátima:


     Maria de Lourdes da Silva, mais conhecida carinhosamente por Dona Maria Velha, filha de Manoel Teodoro da Silva e Maria Raimunda do Nascimento, nasceu em 1928 no Distrito de Fernando Pedroza, onde se criou e constituiu toda a sua família, desde dos tempos de povoado viu se concretizar um sonho, o de alcançar o antigo povoado de  São Romão,  em uma verdadeira cidade emancipada.

    A sua vida inteira morou em Fernando Pedroza, de início na atual rua Severino Sérvulo, onde trabalhou como doméstica  para algumas famílias do povoado, em seguida passou a ser funcionária da prefeitura de Angicos, prestando serviço em Fernando Pedroza. Cuidava com muito carinho e dedicação da limpeza no centro do Distrito. Depois, a convite do seu compadre o saudoso ex-prefeito Expedito Alves, foi transferida para a cidade de Angicos, atuando como zeladora, mas continuou residindo em Fernando Pedroza.
     Anos depois, ela retomou as suas atividades no então distrito, dessa vez atuando como zeladora e merendeira no antigo Supletivo e Mobral, numa antiga escola que funcionava onde hoje é a sede municipal, trabalhou com Marta de Joel (diretora), Francisquinha de Dedé Salviano (vice-diretora) as professoras e professores eram: Lenize, João da Mata, João de Bé e Socorro de Zé Rodrigues. Anos depois minha mãe Maria, trabalhou na atual Escola Fabrício Pedroza, na companhia de mais duas auxiliares de serviços gerais que foram Tereza Filgueira e Cristina de Francisco de Brôco.
Dona Maria Velha e sua Filha Fátima
Foto cedida por Fátima
Mãe (Maria Velha) passou a morar na rua Calmon Costa, e lá , se aposentou por tempo de serviço, mas não parou de trabalhar.  A partir de uma forte doença que "eu a sua única filha" a minha mãe Maria, adquiriu a habilidade  de fazer  lambedores para verme, cansaço,  sinusite e  garrafadas para inflamações. Ela abaixo de Deus, curou muita gente!.        Vendia lambedor e garrafada para Natal, Angicos, ou seja, onde encomendava, ela ia vender.   Muito religiosa, nas festas do padroeiro (nas escolhas das rainhas) ela sempre se mobilizou e foi de dentro das festas da Igreja, se movimentava com o livro de ouro para adquirir dinheiro, fazia bazar para a Igreja, gostava de ajudar as pessoas necessitadas, saía nos comércios em busca de alimentação para fazer doações.
     Foi comerciante adquirindo um quartinho no mercado público, próximo ao antigo comerciante por nome de José Delfino. Minha mãe (Maria), nas madrugadas dos domingos, fazia almoço para vender aos feirantes de Angicos.  Confeccionava umas cestinhas em formato de barquinho recheadas  de castanhas e baganas para vender na noite de Natal no mercado público. Chegou a vender pão na Fazenda São Miguel.
        Agora quem se lembra dessa frase?  “Tá quente e tem coco!”
      Pois é, essa frase ecoou nas ruas do Distrito de Fernando Pedroza, com minha mãe (Maria Velha) gritando e vendendo mugunzá. Uma simples mulher batalhadora pela vida, mas sempre presente nas reuniões, conselhos e  gostava muito de política.
Quando chegava das reuniões em nossa casa, sempre dizia pra mim (Filha Fátima):  "que o sonho dela seria antes de morrer, era ver Fernando Pedroza desligado de Angicos, para que aqui  tivesse um banco,  uma TELERN, um correio, um cartório, um hospital, uma maternidade, um colégio de 2º Grau para os jovens, água encanada, essas coisas que uma cidade tem, e aqui não". Muito sonhadora, ela ainda tinha outros sonhos, por exemplo, o da volta do trem, e queria ver uma praça feita ali na frente da Dona Maria Nunes, perto do mercado e da Igreja católica, ressaltava sempre:  “Num dia que tiver uma reunião de qualquer coisa...na câmara ainda vou dar minha palavra e pedir pra fazer uma praça nesse terreno”.
     Sempre foi uma defensora dos cidadãos de Fernando Pedroza, ficava revoltada quando não priorizava os cidadãos da cidade para trabalhar, ou seja, defendia que às oportunidades de trabalho na cidade, deveria ser para os pedrozenses e não para quem vinha de fora.

Fonte: texto extraído de áudio cedido por Fátima (Filha de Dona Maria Velha).

    Em 2004, nossa inesquecível Maria Velha  faleceu, mas deixou para nós um legado de dignidade e vontade de que a nossa cidade vislumbrasse de crescimento e desenvolvimento.  Um desses anseios foi o de Emancipação política de Fernando Pedroza, tanto é que ela participou do Dia do “FICO”, ao qual ressaltamos como temática dessa matéria, e mais escolhemos para homenagear nesse simples blog em data que a cidade completa 26 anos de Emancipação. 



Milce Carvalho Trindade "In memóriam"


Milce Trindade
Foto cedida pela família
          Milce  Carvalho Trindade, nasceu em  1918 no Sítio Serra do Gado Município de Santana do Matos, filha de João Junqueira de Carvalho Pita e Maria Sabina de Carvalho, pelo lado paterno era neta do Sr. Manoel de Aneto de Carvalho Pita, conhecido nas cercanias como Coronel  “Nené” da Serra do Gado. Pelo lado materno descendia da família Braga, muito tradicional nas redondezas. 
      Aprendeu as primeiras letras por meio de aulas particulares, pois não havia escolas na localidade onde a mesma morava. Exerceu o papel de professora, nas  fazendas por onde morou, ensinando aos filhos dos proprietários e demais vizinhanças.  Era autoditada e amante da leitura, tudo que chegasse as suas mãos ela lia, e desta forma, adquiriu vários conhecimentos, assim como Português, História, Geografia, era amante dos conhecimentos gerais, dentre outros.
   Já adulta, veio morar na vila de São Romão, hoje Fernando Pedroza, onde conheceu o Sr. Luiz de França Trindade, com o qual se casou em Fevereiro de 1945, deste matrimônio geraram os seguintes filhos: Maria do Socorro, José de Anchieta, Maria de Fátima, Ana Maria, Roberto de Carvalho Trindade.
     Uma mulher de visão futurista e tinha em mente que a educação era a base de sustentação de um futuro melhor para os seus filhos. Fez disto uma prioridade e não mediu esforços para que todos progredissem nos estudos.
         Milce, foi pioneira na localidade à frente do seu tempo, era uma mulher moderna para aquele tempo, conhecia, dividia entre as tarefas e as orientações aos filhos e a administração do lar. Fazia corte e costura para ajudar no orçamento familiar, e ainda se dedicava a buscar soluções para os problemas da comunidade, numa época que ainda não se falava sobre responsabilidade social da mulher. Nos idos de 1960 a 1970, pela Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural (ANCAR), hoje a EMATER.                        Desenvolveu trabalhos, tanto no aqui na localidade quanto e em outros municípios do RN,o programa foi denominado de SABER, SENTIR, SAÚDE E SERVIR, no mini posto de saúde da então vila, instalado por volta de 1969, e contava apenas com uma orientadora, em que sua função era atribuir e realizar trabalho de prevenção a doenças, ensinar as noções básicas de higiene e saúde e aplicação de vacina e curativo, e ainda acompanhava as gestantes e etc.
       Porém, quase sempre faltavam recursos para a compra de medicamentos, materiais de primeiros socorros, bem como outros necessários para desenvolvimento do trabalho. Então, Dona Milce mobilizou um grupo de pessoas da localidade para criar uma Sociedade de Saúde denominada de Miguel Trindade, em homenagem ao seu sogro que na pequena comunidade era homeopata, sem nada cobrar, até mesmo nos seus últimos dias de vida.            Milce foi eleita por unanimidade para a presidência da Sociedade de Saúde, e tornou-se uma grande batalhadora pela a causa, angariou recursos  junto aos cidadãos, para a compra de medicamentos. Fundou o CLUBE DE MÃES, onde as senhoras aprendiam trabalhos manuais como corte e costura e pintura. Ela foi fundadora do primeiro grupo de jovem que apareceu em Fernando Pedroza, e esse grupo de jovem tinha como nome “Com Amor Venceremos” onde os jovens ajudava muito nas benfeitorias da nossa comunidade, e por fim, a luta para Milce era incansável (..) muitas vezes, ensinava os cursos na sua própria casa.
        Diversas vezes precisou viajar até a capital do Estado para conseguir melhorias para a sua comunidade juntamente com a Secretaria de Saúde de Angicos, e ia até ao gabinete do governador. 
Fonte: cedida pelo Professor Juares Costa em um programa de Rádio denominado MULHER PEDROZENSE: A SUA LUTA, A SUA GLÓRIA 2017, realizada pela Secretaria de Educação e Cultura de Fernando Pedroza, homenageando o dia Internacional da Mulher.

      Dona Milce, faleceu em Fortaleza no Estado do Ceará em 31 de Agosto de 2011. A história local sempre registra as suas ações de uma cidadã intelectual e sábia, que a nossa memória já mais a deixará no anonimato, pois por tudo que fez pelo nosso município, inclusive, a iniciativa de permanecer na reunião do "FICO" de 1986, foi uma forma de mostrar a sua bravura pela a terra de São Romão e São Joaquim, hoje Fernando Pedroza emancipada, graças a sua assiduidade para o êxito deste acontecimento.


João Paulino de Oliveira (Sargento Paulino) "In Memoriam" 

     João Paulino de Oliveira, filho de Paulino José de Oliveira e Maria Tertulina de Oliveira, nasceu no dia 23/06/1926 às 18:00h, em casa, na cidade de Santa Cruz do Inharé. Casou-se com a Senhora Maria de Lourdes de Oliveira com quem teve 07 filhos dos quais 04 já falecidos, 04 netos e 02 bisnetos.
Sargento Paulino
Foto cedida pela família
     Veio transferido para o distrito de Fernando Pedroza em 15/11/1964, na época, como ainda hoje, os delegados eram enviados para os municípios através de solicitações dos prefeitos e atendidos pelo governador.
     Com Sargento Paulino, como era conhecido, não foi diferente. O então prefeito do município de Angicos, Expedito Alves efetuou a solicitação, e o então governador Aluizio Alves, prontamente atendeu à sua solicitação, sendo Sargento Paulino escolhido entre 100 policiais para ser delegado desse distrito, hoje município.
     Além da função pública, Sargento Paulino gostava de esportes, especificamente o futebol, de modo que montou vários times e fazia de sua casa a sede destes, levando-os a participar de campeonatos ao redor do estado, sendo que sentia demasiada felicidade e se sentia realizado ao poder levar os jovens a participar desses eventos esportivos.
   O seu maior sonho era ver Fernando Pedroza município. Deu início a uma batalha hercúlea e incansável junto com outros companheiros, enfrentando as diversas barreiras, inclusive contra os interesses políticos contrários à emancipação. Por vezes Sargento Paulino e seus concidadãos foram chamados de loucos por entrincheirarem a luta pela emancipação política de Fernando Pedroza.
    Em meio a essa luta e entre diversos encontros e planos para viabilizar o sonho de Sargento Paulino e de muitos outros companheiros, encontraram apoio junto ao então prefeito de Angicos, Jaime Batista, se dispondo a facilitar o diálogo entre eles e a Assembleia Legislativa estadual. Com esperança renovada, reuniram todos os dados e documentação necessária e através do deputado estadual José Adécio, finalmente conseguiram ter sido promulgada a lei que tornou Fernando Pedroza município.
     Foi, finalmente, no dia 26 de Junho de 1992, concretizado um dos maiores sonhos da vida de Sargento Paulino. Em suas próprias palavras, "dizia que no dia em que Fernando Pedroza se emancipasse, poderia morrer grato e feliz, pois sua missão havia se completado e teria finalmente vencido a árdua batalha pela verdadeira libertação política de Fernando Pedroza".
   Passados apenas 1 ano e 8 meses da realização de seu grande sonho, mais precisamente no dia 10/02/1994, Sargento Paulino, prematuramente faleceu. No entanto, nos deixou seu legado de lealdade e honradez, e acima de tudo de amor por esta cidade.

Embasamento de texto cedido por Wilma Paulino  (Filha do Sargento Paulino)

     Digno de um cidadão perspicaz, o saudoso Sargento Paulino também mostrou que a decisão do "Fico" traria para a atual geração, a memória de um homem que além de servir a sociedade com o cargo de militar que tanto zelou ao longo da sua carreira, mormente, dedicou parte da sua vida em trabalhos voltados para as atividades esportivas, em um momento que pouco se tinha para investir. Este inexpugnável homem ousou tanto em emancipar os jovens do ócio, quanto a cidade que ele aprendeu com muito júbilo a defender ações que fossem para beneficiar o desenvolvimento e crescimento local, eis aqui um baluarte da nossa Emancipação Política.  

     Sabemos o quão foi necessário a contribuição e de alguns poucos representantes que exerciam o cargo de Vereador, Prefeito, Deputado ou em área jurídica, enquanto o Distrito de Fernando Pedroza pertencia à Angicos aos quais citamos abaixo:


  • Vereador João Salviano Sobrinho
  • Vereador Severino Sérvulo
  • Vereador Celso Tertuliano
  • Vereador Seu José Cassemiro de Araújo
  • Vereador Baruch Bezerra de Brito
  • Vereador Jonas Paulo dos Anjos
  • Vereador José Ferino Damascena
  • Vereadora Maria das Graças Salviano
  • Vereadora Josefa Silva da Cruz,
  • Vereador José Renato da Silva
  • Vereador José Batista Xavier
  • Vereador Gondemário de Paula Miranda
  • José Salviano - Vice Prefeito de Expedito Alves 
  • Jaime Batista dos Santos - Prefeito de Angicos/Fernando Pedroza
  • O Sr Fernando Pedroza - Filho do Patrono da Cidade de Fernando Pedroza
  • O Deputado José Adécio
  • O Vereador e advogado Chico Maria - Prestou assessoria jurídica no processo emancipatório. (ver em outra matéria sobre este personagem)


   Junte-se a estes, alguns comerciantes, professores, agricultores, ou seja, a classe popular, de modo geral, que após a reunião do "Fico" passaram a aderir a causa. No Distrito, já havia também, sentimentos e manifestos culturais que buscavam abjugar Fernando Pedroza em relação a Angicos com movimentos de grupos de  jovens que encontraram nos blocos carnavalescos Kabaços e Mal do Século, uma forma de expressar suas concepções de liberdade.
   Frisamos que o conteúdo dessa matéria, focamos apenas nas pessoas que ficaram na reunião de 1986, em outras oportunidades traremos e homenagearemos outros personagens que de fato mereceram ou merecem o seu reconhecimento como agente atuante na Emancipação Política de Fernando Pedroza, que ocorreu definitivamente pela Lei Estadual nº 6301 de 26 de Junho do ano de 1992.




*Nota: Ainda nessa matéria poderemos acrescentar outras informações e fotos ilustrativas, bem como, pesquisar sobre o dia exato da reunião.



sexta-feira, 1 de junho de 2018

Voa canarinho, voa, mostra em nosso torrão o que é jogar...


   No período em que se aproxima a Copa do Mundo de Futebol 2018, tivemos a preocupação de relatar um pouco sobre as "primeiras" manifestações esportivas do Município de Fernando Pedroza, especificamente na década de 50. Apesar de uma época longínqua para nós, a memória através dos relatos nos faz reviver o lazer que os cidadãos pedrozenses tinham, entre estes,  a prática do futebol de campo. 
     Do ponto de vista histórico, devido à interrupção por causa da Segunda Guerra Mundial, a Copa do Mundo de 1950, voltava a ser disputada, e desta vez no Brasil, mas infelizmente com o Uruguai sendo campeão, decidindo a final justamente com a seleção canarinho. Contudo, o clima da competição mundial fazia do povoado, já conhecido por Fernando Pedroza, conforme o decreto de 1938, um local que encantava toda a região com os seus craques na arte da bola.
O craque Dedeca - foto atual
    Além do resgate histórico, proporcionaremos nesta matéria uma homenagem especial a um dos maiores jogadores de futebol de campo da nossa cidade: José Gonçalo da Silva (78 anos) o craque Dedeca. Nascido na Fazenda Triunfo (São Miguel), "num papo de calçada" e com suas calmas palavras, falou dos tempos de atleta na Equipe do Fernando Pedroza Futebol Clube, assim relata o mesmo: Eu trabalhava na usina São Joaquim no povoado. Nas horas vagas, tínhamos o prazer de jogar bola, as dificuldades eram muitas, mas para comprar o terno, meiões, bolas a gente saía pedindo "um quinhão aqui, outro ali, um chegava dali, outro daqui...e assim se formava o time. Sobre as disputas, íamos jogar em várias cidades  e ganhávamos vários torneios que havia na região, o nosso time era respeitado! Quando a gente jogava aqui no povoado, o campo era ali por perto do posto de combustível, depois da pista e nas tardes de Domingo,  ficava cheio de gente para assistir as partidas de futebol. Foram momentos bons na minha vida, eu jogava de centroavante ou de ponteiro esquerdo.
Foto: cedida por Seu Dedeca
     Este placar é de 1955, na parte de cima em pé temos: O goleiro Enoque, Elias de São Miguel, Babinha, Onorato, Chiquinho de Natal e Mirim. Agachados da esquerda para a direita: Chico Salviano, Tita, Dedeca, Dedé de Ecila e Jaime.

    Em outro placar podemos ver um dos ícones do futebol local, já quase esquecido atualmente:  o saudoso goleiro Bonga.
Foto cedida por Seu Dedeca

     A foto/placar acima, provavelmente de 1950, podemos identificar em pé da esquerda para a direita: Luiz Atanázio, Meu Bicho, o Goleiro Bonga, Zé de Egídio, Tita e Becinha. Agachados da esquerda para a direita: Zé de Freitas, Pinto, Vivaldo, Aluízio Tertualiano e Dedeca. É importante frizar que nesse período alguns jogadores como Dedeca e Bonga, se destacaram tanto que algumas equipes de Natal lançaram convites para os mesmos, mas não aceitaram, preferiram viver a vida sertaneja tendo a bola como instrumento para reunir pessoas da pequena comunidade e das cidades adjacentes.
    Esses atletas são exemplos de cidadãos que mesmo diante as dificuldades e muito trabalho, proporcionaram alegria, diversão e reconhecimento para a nossa querida Fernando Pedroza.



Um aporte sobre a Feira e o Mercado Público de Fernando Pedroza

            A feira é um local em que além de absorver características econômicas através das negociações por meio de trocas e vendas de d...