segunda-feira, 21 de maio de 2018

A linha Ferroviária e o impulso econômico do Povoado de São Romão


      Em algumas matérias publicadas anteriormente em nosso blog, fizemos uma alusão da Revolução Industrial na Inglaterra ao povoado de São Romão no Brasil, não pelas grandes invenções que surgiram lá pelo outro lado do Atlântico em meados do seculo XVIII, mas pelos moldes adquiridos de lá pelos que fincaram suas esperança de progresso por aqui.  
Rua São José - onde passava a via férrea
Estação Ferroviária
    Pois bem, já deu para perceber que nessa pequena e boa terrinha, agricultura a pecuária, as máquinas atrelada a cotonicultura, e até mesmo  personagens oriundos da cultura britânica (os Pedroza) e agora a chegada do trem, foram as pilastras para o seu desenvolvimento. Talvez possamos ser um pouco demasiado, mas todos os aspectos citados condiz com a dualidade entre ambos e  nos leva a entender porque fizemos esse análogo.

Sinal/curva da linha
férrea em Angicos
que destinava a
Oscar Nelson
     A estrada de ferro na Região Central de Rio Grande do Norte, era um grande sonho principalmente para os que empreenderam na cultura do algodão. Em 1901, o trecho Natal à Nova Cruz foi arrendado pela "The Great Western of Brazil Railway Company.  Em 1904 essa estrada começou a ser estudada pelo engenheiro Sampaio Correia, traçando a estrada de Natal a Ceará-Mirim até chegar ao Rio Pataxó que corta o povoado de São Romão seguindo em busca de Angicos, até chegar a comunidade de Oscar Nelson em São Rafael. Anos mais tarde, pela Lei nº 1.155 de 12-06-1950, a estrada passou a se chamar Estrada de Ferro Sampaio Correia.

      Como no final da década de 20, os trabalhos da estrada tinham reiniciado, no dia 26 de Setembro de 1932, se concretizava o sonho dos que moravam no povoado, que foi a inauguração da Estação Ferroviária, tendo como agente José Furtado de Menezes. Esse fato propiciou o escoamento da produção econômica e facilitou o transporte de passageiros. Nesse período segundo Aluízio Alves no livro Angicos, "a povoação possuía 164 casas de tijolo, 72 de taipa, 9 prédios públicos em 1932".
Estação Ferroviária de Fernando Pedroza
      Em pesquisa para um trabalho escolar em data de 14 de Junho do ano 2000, tive a oportunidade de resgatar um pouco sobre os trabalhos na estação com um antigo morador de São Romão por nome de João Batista Braga (in memoriam) foi telegrafista nos anos 50, hoje guardado na minha memória e daqueles que o estimavam. Seu Braga como eu o chamava por algumas vezes, nos relatou que: "os serviços de comunicação na estação, assim como em outras, era feito por um telegrafista através de um código Morse. E a estação recebia e despachava mercadoria para a capital e outras cidades beneficiada pela estrada de ferro. O óleo vegetal extraído do caroço do algodão era despachado para Natal pelo trem e daí em navios para diversos Estados, recebíamos de Natal pela mesma linha: tecidos, remédios, frutas e gêneros alimentícios". Vale salientar que alguns produtos descritos que saía do povoado eram produzido na usina São Joaquim em São Romão.  Esses escritos, tenho como fonte através de algumas laudas datilografados pelo o mesmo, já que na época (2000) ainda não circulava computadores em Fernando Pedroza. Nesse documento encontra-se também a prática/leitura de codificação usados para a comunicação entre os telegrafistas.
         
Ruínas dos pilares da Antiga ponte
férrea na Rio Pataxó em Fernando Pedroza

Dona Maria Soledade 
    Ainda conforme uma das mais antigas moradoras e artesã de Fernando Pedroza por nome de Maria Soledade Nunes Cardoso (92 anos), nascida ainda no povoado de São Romão, e que também constituiu toda a sua família por aqui, casada com o Saudoso Luiz Leandro (conceituado marceneiro, inclusive participou da construção de Brasília), Dona Maria, contemporânea dessa época ressaltou que: Eu viajei muitas vezes daqui pra Natal com minha vó, era uma viagem demorada, se tornava longe a viagem. Antigamente as pessoas usavam umas quartinhas que vendiam água, umas cocadinhas, tudo isso eram vendidas aqui na Estação e ao longo da viagem. As mercadorias que vinham no trem eram todas em saco ou caixão, eu me lembro que a carne de charque vinha num caixão, a carne toda arrumadinha num caixão (...) a rapadura era num garajau, esses eram feitos de palha, o milho e feijão, tudo isso vinha pra cá. A viajem durava mais ou menos de 4 (quatro) horas de viagem para chegar em Natal, porque o trem daqui era muito devagar, tinha muitas paradas daqui pra Natal, em cada parada, não demorava meia hora, não! (...). Lembro de alguns funcionários como: João Braga e Bodete, o João morava nessas repartições da próprio estação e nas casas das turmas, moravam também funcionários da linha férrea do trem.
Casas das turmas

    Segundo antigos moradores, a extinção do trafego do trem aqui em Fernando Pedroza, ocorreu provavelmente entre os anos de 1966/67 quando a antiga ponte desmoronou com uma forte enchente do rio Pataxó.
   Portanto, principalmente para quem não vivenciou tudo isso, imaginemos, o trem passando e parando no povoado, o movimento comercial na Estação, a usina em pleno funcionamento com sua serene tocando para entrada e saída dos operários, a feira na Rua Velha, as missas na capelinha, a  plantação e expansividade da produção do algodão nas várias fazendas, inclusive em São Joaquim, o movimento dos agricultores, helicóptero de vez enquanto pousando no povoado, a vinda do presidente Getúlio Vargas por aqui. E ainda, as frequentes vaquejadas, o som da divulgadora através do "boca de ferro" antigo auto-falante que servia para informar o que acontecia no povoado, e atrelado a esse intenso movimento local, as equipes de futebol de campo que se formaram. Percebe-se que para alguns moradores, o povoado viveu um momento "áureo", para outros, "ainda" desenvolvendo. Ressaltamos esses acontecimentos da nossa historiografia, pois a história busca através dos fatos identificar as mudanças e permanência ao longo do tempo.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

A estrada carroçável, a feira e um povoado em ascensão


Primeira rua do povoado - a Rua Velha
local onde ocorreu a Feira
     Por volta de 1920, ainda em meio as dificuldades na Região Central do Rio Grande do Norte, mais especificamente no então Povoado de São Romão, surgiu a necessidade da construção de uma estrada carroçável ou de rodagem, ligando as poucas casas existentes e caracterizadas ainda como Fazenda São Romão extremando com São Joaquim em direção a Santana do Matos e a Oeste ligando a cidade de Angicos. Com esse feito, a via tornou-se o principal ponto de viabilidade para o escoamento e recebimento de produtos, com isso, podemos dizer que a estrada marca o prelúdio do desenvolvimento do povoado.
    Em meio as fazendas mencionadas anteriormente, num sertão pedregoso, árido e próximo ao Rio Pataxó que serpenteia em busca de Angicos, o desbravamento do povoado tomava rumo com um pequeno aglomerado de casas na Rua Velha, como era chamada a atual Rua Expedito Alves.

Uma das casas mais antigas da
Rua Velha - Família Venâcio
      Com o aparecimento de algumas casas, evidentemente o comércio discretamente passou a circular com a estrada e ligado a interesses comerciais, surge nas redondezas um caixeiro viajante por nome de Antônio Teixeira de Rocha, que chegou para instalar um barracão e fornecer mantimentos aos trabalhadores da estrada que a cada dia ganhava longas dimensões ligando a outras cidades adjacentes. Como o povoado ficava numa localização geográfica favorável entre várias outras cidades, não demorou para que a feira se tornasse uma realidade.
casas na Rua Velha - arquitetura frontal
ainda mantendo a sua originalidade
     No dia 14 de Agosto de 1920, realizava-se a primeira feira, embaixo de uma latada construída com forquilhas e cobertas com galhos de oiticica, construída em 06 (seis) dias, e a partir dessa construção, o comércio foi crescendo e atraindo mais comerciantes como: Francisco Francelino, José Cassemiro, estes por sua vez, incumbiram-se de construir algumas outras casas, dando elasticidade ao crescimento do comércio.  Sabe-se também da estadia de Manoel Gondim que atuava no comércio varejista, lembramos que sobre estes personagens da nossa história, citamos a
qui, apenas através de fontes orais e fragmentos de pequenos textos produzidos por populares.
Antiga feira na Velha - foto retirada da
feira da Cultura de 2011
      De início o movimento da feira era pouco, mas em Março de 1922, mesmo suspensos os trabalhos da estrada, a feira começou a crescer caracterizando-se como base habitual dos moradores vizinhos, como apontado pelo saudoso memorista e escritor Aluízio Alves no seu livro Angicos. "Em 1922 a pequena latada já não comportava os feireiros. Aproveitando a derrubada da mata, feita por Miguel Rufino Pinheiro, até a Fazenda São Joaquim, foi fácil o levantamento de uma outra latada com oitenta palmos de comprimentos e trinta de largura".

Casa na Rua Velha com detalhes da arquitetura
original

    E a cada dia a feira crescia em luta conjunta de muitos agricultores ligados a criação de gado, a pecuária e a cotonicultura, alargando-se economicamente com o advento da estrada de ferro, sonho dos que viviam no pequeno lugarejo.

sábado, 12 de maio de 2018

A Usina São Joaquim e a modernidade, trabalho e desenvolvimento chegando ao povoado de São Romão


    Nas primeiras décadas do século XX  na chamada Terceira fase da Revolução Industrial, o povoado de São Romão como era chamado a atual cidade de Fernando Pedroza, experimentava profundas transformações vividas pelos ingleses, ainda em meados do século XVIII, que foi o uso das máquinas e consequentemente  do algodão para a fiação de tecido.
     Seguindo os passos do seu avô Fabrício Gomes Pedroza em Coité - Macaíba, quando fundou o casarão dos Guarapes (1860-1870) às margens do Rio Potengi, com intuito de exportar algodão, Fabrício Gomes Pedroza (patrono da cidade), educou-se em Liverpool na Inglaterra, lá estudou o mercado de algodão.
      Ao voltar  da Inglaterra para o Brasil, mais especificamente para o Estado do Rio de Janeiro, não se acomodou para colocar em prática as suas experiências adquiridas na Europa, conta-se que em 1915, ele já se encontrava em Baixa Verde (João Câmara-RN), dirigindo um campo experimental de algodão,  fixado nessa cidade Fernando conheceu João Câmara, companheiro ideal para a empreitada do algodão.
Antigo escritório  da Fazenda São Miguel
     Em 1925 a Cia brasileira de Linhas Para Cozer (atual Linhas Correntes) adquire por influencia de Fernando Gomes Pedroza, a Fazenda São Miguel, esta com a atuação do primeiro administrador Edward J. Roque à frente dos negócios.
Edward J. Roque
Primeiro administrador
da Fazenda São Miguel
     Posteriormente, anos mais tarde São Miguel transformou-se em Sociedade anônima, com a presença constante de empresários e administradores ingleses da Machine Cotton, a partir de então, Fernando se afastou para um outro empreendimento, dessa vez no povoado de São Romão, e construiu  a usina de São Joaquim em 1929,  nesse tempo, já havia um pequeno conglomerado de pequenas casas com a capela e o movimento comercial na feira da Rua Velha.
Usina São Joaquim
    A então usina sob a gerência de Genésio Cabral de Macedo, influenciou profundamente no desenvolvimento do povoado, comprando e beneficiando o algodão, bem como, fabricando óleo, torta, pasta e outros derivados, empregando pessoas e proporcionando o crescimento através da construção de moradias.
O saudoso Seu Antônio Sena - Ex funcionário
da Usina São Joaquim e foi um antigo morador
      Para realização de um trabalho de pesquisa, tive o privilégio de entrevistar o Senhor Antônio Sena (in memoriam), ex funcionário da antiga Usina São Joaquim nos anos 50, que nos relatou: "que a usina funcionava 24 horas com turmas divididas e que havia hora extras, faturando em média cem mires (réis) mensalmente". Ainda lembrou que " a maioria dos trabalhadores residiam na própria vila, entre eles estavam: Dalino, Birôio e muitos outros que eram braços fortes para o carregamento da borra do caroço de algodão, farelo de algodão e a pasta para os vagões que ficavam no povoado, enquanto o trem fazia o resto do percurso em direção a comunidade de Oscar e Nelson (comunidade de São Rafael) e Angicos".

       O saudoso Antônio ressaltou ainda que "a administração era composta pelo Sr. Sota (Souto) responsável pelo pagamento dos funcionários, José Guedo era o anotador dos produtos que entravam e saíam, e o gerente Severino Sérvulo um homem popular, respeitador e estava sempre com o pagamento em dia".
         Sabe-se também de outro gerente conhecido pelo nome de Antônio Calmon Costa, um baluarte na administração e no crescimento do povoado. A partir de 1948 a usina já como proprietário o deputado José Arnold adquirida através de João Câmara que por sua vez obteve de Fernando Pedroza, passou a entrar em decadência.
Motor que fornecia energia
para o povoado de São Romão
(hoje encontra-se ao lado da Estação)
        No núcleo da usina havia também um motor (dínamo) da marca Blackstone de fabricação inglesa que fornecia a energia para o povoado. Segundo o saudoso João Braga, telegrafista da Estação ferroviária nos anos 50, ao qual tive a oportunidade de resgatar algumas informações sobre esse período, lembrou que "a Usina São Joaquim fornecia energia para o povoado das 17:30h às 22:00 horas até os finais da década de 50.

        

terça-feira, 8 de maio de 2018

Miguel Trindade e a sua contribuição para o crescimento e desenvolvimento do povoado de São Romão

      Entre 1910 e 1915,  segundo depoimentos de familiares, Miguel Trindade adquiriu duas fazendas chamadas de São Vicente e a outra São Romão (atual Fazenda Pantanal).

Foto cedida do saudoso Miguel Trindade
     Miguel Trindade, nascido em Angicos no ano de 1860, era filho de João Felipe da Trindade, último presidente da Câmara Municipal de Angicos e de Francisca Rita Xavier da Costa. Era o seu avô materno o Coronel Miguel Francisco da Costa Machado, descendente dos Dias Machado e dos Viegas fundadores da cidade de Angicos. Casou-se em 1890 com Maria Josefina Martins Ferreira (Dona Sinhá), como era carinhosamente conhecida.                   Segundo relatos, Miguel era um sertanejo simples, sabia muito usar da inteligência que tinha e sempre de bom humor, e agia com muita generosidade. 
  Conta-se que quando da libertação dos escravos ele assentou uma família agregada numa terra de várzea, e ali ficou trabalhando aquela família. Certo dia o chefe da família solicitou o direito do  "usucapião". Miguel lhe direcionou: "Ora, você não sabe nem o que é usucapião, mas se quer a terra, vou passar em cartório, mas voou lhe dizer, no dia que eu lhe der essas terras, no outro dia alguém vai tomá-la de você". Não foi preciso, o velho desistiu da ideia.
    Miguel fez doações de terras das suas propriedades para as construções  da Estrada de Ferro e de rodagem, não obstante os inconvenientes que os traçados impuseram a sua propriedade, mas mesmo assim procedeu, porque tinha plena convicção que estava contribuindo para o progresso do povoado de São Romão.
     Doou também uma parte das suas terras para que o povoado pudesse se desenvolver e recomendou aos seus filhos que as mesmas não deveriam ser vendidas, e sim doadas a quem quisesse construir sua casa, e esse feito é constatado nos dias atuais.
Casa grande amarela na Antiga Rua Velha (Expedito Alves)
Segundo relatos era a casa de Miguel Trindade 
entre os anos 20 e 30.
    Entre 1930 a 1931, hospedou em sua própria casa na Antiga Rua Velha os engenheiros, técnicos construtores da estrada de ferro, já que não havia condições de hospedagem no pequeno povoado.           Miguel ainda segundo relatos, era homeopata prático guiado por um livro de medicina de prática francesa e cuidadosamente medicava os moradores do povoado. 
       
    Notamos durante as nossas postagens que a fazenda São Romão pertenceu as duas famílias que deram início ao processo de formação da vila. Resta-nos saber se Miguel comprou a Fabrício Pedroza no momento em que ele vendeu São Joaquim a Fernando Pedroza, ou se eram duas fazendas com o mesmo nome. O fato é que em anos passados, em pesquisas, consegui uma escritura da Fazenda São Romão, tendo como proprietária Crináurea Trindade, filha de Miguel.

domingo, 6 de maio de 2018

A égide futurista do povoado de São Romão ao nome de Fernando Pedroza



casa grande de São Joaquim
       A história da fundação de Fernando Pedroza está ligada a família Pedroza. Começa no século XIX, em meados de 1888, quando o patriarca da família, coronel  Fabrício Gomes Pedroza, investe em terras do sertão Central do Rio Grande do Norte, comprando fazendas no município de Angicos. São quatro propriedades (São Romão, São Joaquim, Cajueiro e Gangorra) que juntas se tornaram o núcleo urbano que deu origem ao município de Fernando Pedroza, denominada naquela época por povoado de São Romão e inserido no território do atual município vizinho de Angicos.  
       Fabrício Gomes Pedroza é um próspero aristocrata paraibano que domina o comércio do açúcar em Macaíba e é dono do complexo industrial, sendo um dos principais exportadores de algodão do Rio Grande do Norte. Ele é pai de Fernando Gomes Pedroza, considerado o fundador do município, para que vende a fazenda São Joaquim, em 1922.
     Empreendedor visionário, Fernando decide implantar na região uma estação experimental de cultivo de algodão ampliando sua propriedade e desenvolvendo um novo tipo de fibra com experiências com o algodão mocó. Em 1929, constrói uma usina de beneficiamento de algodão na propriedade da família, no povoado de Romão.
Ruínas já extinta da usina de São Joaquim
     A usina São Joaquim passa a ser um dos maiores complexos têxteis do Rio Grande do Norte e, com a chegada da rede ferroviária ao povoado de São Romão, é dado início ao desenvolvimento econômico do lugar com o incremento do comércio, abertura de novos postos de trabalho e geração de riqueza.
Busto de Fernando Pedroza
exposto no centro da cidade 
Placa no busto em homenagem
 Fernando Pedroza
       É o pontapé inicial para a independência administrativa e política do povoado de São Romão, que passa a ser distrito de Angicos, em 1938, por meio da lei sancionada pelo então prefeito de Angicos, Rafael Fernandes, e recebe o nome de Fernando Pedroza, numa homenagem póstuma após seu falecimento precoce, aos 50 anos, em 1936.
      Para muitos historiadores, Fernando Pedroza foi um "homem a frente do seu tempo", cuja visão empreendedora proporcionou vários benefícios ao município, impulsionando seu progresso e garantindo a melhoria de vida  para os habitantes do então povoado de São Romão. Aluízio Alves, em seu livro "Angicos", retrata o empresário Fernando Pedroza com um homem que transformou um pequeno povoado no interior do sertão potiguar num pólo de influências comercial e indiscutível progresso na vida dos moradores de São Romão.

Fonte: Revista Fatos&Feitos - Edição Junho/Julho de 2014.


       Ao visualizar a leitura acima, conclui-se que um dos  princípios para entender o  crescimento e desenvolvimento do nosso povoado de São Romão, teve como base a cotonicultura com empreendimento de Fernando Gomes Pedroza na fazenda São Joaquim, através da experiência do algodão "mocó" bem como a instalação da usina de beneficiamento chamada de São Joaquim. Daí por diante, sabemos o quão importante foram as diversas vezes que a família fez doações de terras para a concretização do "apogeu definitivo" do povoado até os dias atuais.
      Por não disponibilizar de fontes suficientes para retratar em detalhes a chegada da família Pedroza nas terras do sertão, recorremos a um belo cordel da professora Regina Gonçalves, recitado em  sarau poético na 8ª Feira da Cultura, no largo da Estação no dia 14 de Junho de 2017. O evento tradicional que tem como propósito e objetivo resgatar a memória local.


Segue a letra do cordel...

                                                     Título: Cordel do Açúcar ao algodão


A história que hoje conto
não é conto de fadas não
Exposição de uma maquete expondo a vinda da família Pedroza
para a Fazenda São Joaquim - Feira de Cultura 2017
não é coincidência e nem mito
não é lenda nem invenção
é a fiel afirmativa
De como a família Pedroza
veio parar em São Romão
                 I
Em Macaíba começa
toda história e peleja
do homem rico e herdeiro
fidalgo de fina nobreza
exportador de açúcar
o maior da redondeza
viajada pela Europa
dono de grande esperteza
                 II
Ele se chamava Fabrício
o segundo de uma geração
de homens empreendedores
determinados pela convicção
de perpetuar em seus descendentes
o bom nome e a tradição
                III
Fabrício  ainda jovem
por Isabel Cândida se apaixonou
firmaram laços afetivos
e em matrimônio consagrou
a união e o desejo
de viver um grande amor
               IV

A festa demorou  muitos dias
no casarão dos Guarapes vila de Macaíba
a nobreza natalense
sua presença fazia
Fazenda São Joaquim e o desenvolvimento de cotonicultura
Exposição de uma maquete na 8ª Feira da Cultura 2017
e os jovens estudantes
ao cenário comparecia
               V
Já no terceiro ano
daquela perfeita união
o casal teve o primeiro filho
Esperando com emoção
e nos dez anos seguintes
o pequenino bebê
ganhara mais um irmão
               VI
Dez anos já se passaram
e o destino um fatalidade pregou
No parto do último filho
Fabrício viúvo ficou
perdendo a mãe dos seus filhos
E o seu verdadeiro amor
              VII
Quando no leito de morte
Isabel já se encontrava
chamou o seu amado
e a ele determinava
não casar com mais ninguém
pois que com outra Fabrício não combinava
            VIII
Olhou para Pedro Velho
O médico famoso e irmão
dizendo em suspiro de morte
veja como se morre tão moça irmão
e Pedro Velho em lágrimas
Não suportou toda emoção
               IX
Os anos se passaram
Exposição de uma maquete mostrando 
a chegada da família Pedroza
na Fazenda São no final do século XIX.
 e Fabrício nunca se casou
tomou conta dos nove filhos
e nos negócios só prosperou
adquiriu terras no Sertão de Angicos
e para a Fazenda São Joaquim viajou
                 X
Era final do século dezenove
e nenhuma estrada havia
A vinda para o sertão
mais parecia ousadia
Em lombos de mulas ou liteiras
era um percurso de oito dias
               XI
Entre os nove filhos de Fabrício
Fernando foi o que mais amou
as terras de São Joaquim
onde seu sonho plantou
e mesmo estudando na Europa
o sertão nunca abandonou
               XII
Ao voltar da Inglaterra
Fernando  se viu empolgado
em exportar a melhor fibra de algodão
que fosse padrão e selecionado
Contrariando as críticas estrangeiras
e sendo o pioneiro nesse mercado
                XIII
Sua fiel decisão
Ao velho pai não agradou
e no calor da discussão
Fabrício o filho desertou
e Fernando desapontado
a seu sonho sustentou
             XIV
Do Rio de Janeiro a Baixa Verde
e de lá pra São Joaquim
A família Pedroza chegando a Fazenda São Jaoquim
Exposição de uma maquete na 8ª Feira da Cultura 2017
Nem a seca, nem a estiagem
foram empecilhos em seu caminho
nem ausência de dinheiro
nem mesmo a colheita ruim
              XV
Em 1922, compra São Joaquim a seu pai
transforma toda fazenda num grande campo experimental
prepara as terras para o cultivo
De forma seletiva e especial
com técnicos ingleses
ver seu sonho tornasse real
            XVI
São Joaquim vira celeiro
E produtor do melhor algodão
gera emprego e desenvolvimento
Ver seu produto sair para exportação
E nas terras dos pedrozas
 Fernando ver o comércio ser símbolo de exportação.





      As fotos que ilustram o poema, foram de uma maquete confeccionada pelas professoras e alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental, turno matutino da Escola Municipal Fabrício Pedroza, apresentada na 8ª Feira da Cultura do ano de 2017, que no momento expôs a vinda da família Pedroza para a Fazenda São Joaquim, Região Central do Rio Grande do Norte.



sexta-feira, 4 de maio de 2018

O povoado de São Romão: síntese da sua antecedência histórica



Tarairiús - (gravuras baseadas nas telas de Albert Eckhout)
Extraído do livro: História Natural do Brasil - Jorge Marcgrave
      Discorrer sobre a cidade de Fernando Pedroza, é antes de tudo destacar a presença da Pré-história, como postado neste blog na edição do dia 27/04/2018. Além disso, é retratar também a presença de tribos co-relacionado com a interiorização indígena durante as invasões bárbaras na Capitania do Rio Grande. Nesse sentido, é provável que tenham existido pelo menos de passagem, índios do grupo Tarairius às margens do Rio Pataxó, este que serpenteia  o então povoado que fazia e faz parte das terras dos Lopes Viegas, ou seja, hoje  a cidade de Angicos. 
   Sobre este fato, são apenas hipóteses, já que são relatados por Câmara Cascudo da presença destes índios em terras dos Angicos pelo curso do mesmo rio que passa pela nossa cidade.

       Historicamente, a ascensão do povoado de São Romão, ao nosso olhar, não ocorreu diretamente ligado a esta invasão citada anteriormente, e nem tão pouco a uma política ligada aos coronéis, momento em que no Brasil vivia as experiências da Primeira República (1889-1930). É notório perceber que a ascendência desse povoado, foi através da luta conjunta de um povo que buscaram prosperar de acordo com as suas necessidades de trabalho ligados principalmente a agricultura, pecuária e o comércio. Para o alvorecer desse processo histórico, vale destacar: a aquisição das fazendas São Joaquim por Fernando Gomes Pedroza, São Romão e São Vicente por Miguel Trindade, o surgimento da estrada carroçavel, com o advento da feira na Rua Velha sendo uma opção de trabalho e de estadia para as pessoas que trabalhavam na construção da futura estrada ferroviária. 
Pé de fícus - O único ainda a resistir o tempo
  Rua Fabrício Pedroza
     Acrescente-se a isto, a industrialização proporcionada com o empório da Fazenda São Miguel e a Usina São Joaquim, esta última de propriedade do Sr. Fernando Pedroza, instalada no povoado, mas que já veio de uma sociedade com empreendedores da Fazenda São Miguel.
Ruínas da antiga usina São Joaquim
    É sabido que nos idos de 1920, em São Romão, havia uma extensa mata que segundo os mais antigos moradores, era composta de oiticica, ficus entre outras plantas existente em abundância. No entanto, nessas terras havia grandes proprietários e agricultores como: Fernando Gomes Pedroza, Miguel Trindade, Joaquim Firmino, e claro, muitos homens e mulheres que mesmo não sendo possuidores de grandes riquezas, se doaram ao máximo de si para ver o desenvolvimento desse chão que moramos hoje.



A qualquer momento, estaremos com mais informações sobre a nossa terrinha.


terça-feira, 1 de maio de 2018

Um aperitivo do que temos de bom na música pedrozense


George Rocha & Léo Sanfona, os dois pedrozenses são arretados demais! Demonstrativo de trabalho para uma equipe de alunos. Como estamos no final do feriado, resolvemos colocar eles por aqui. Nos próximos dias estaremos trazendo um pouco da nossa cultura.

Lembramos que em breve, daremos continuidade ao processo histórico de Fernando Pedroza, com a chagada das Famílias Pedroza e Trindade, o intenso trabalho da estrada de ferro, o surgimento da Rua velha (...) eis aí o crescimento do povoado...aguardem!

Agora vamos que vamos no forró!



1º de Maio: Dia do Trabalhador, comemorar ou não comemorar?




Um aporte sobre a Feira e o Mercado Público de Fernando Pedroza

            A feira é um local em que além de absorver características econômicas através das negociações por meio de trocas e vendas de d...